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Bolsonaro, machismo e o patriarcado


Não estamos mais dispostas a sermos massacradas por esta cultura machista. O que torna se mais espantoso é quando tais violações de direitos relacionados ao gênero são provenientes de cidadãos (se é que podem ser chamados assim), que exercem influência sobre a população e o mais agravante, quando estes são representantes políticos, que neste caso não nos representa em nenhum aspecto, passando a ser um prestador de desserviço na esfera pública. Políticos arraigados num patriarcado universal, que se veem no direito de desrespeitar e discriminar em razão de gênero.

De onde vem esta supremacia descabida? Quem são os eleitores que levaram tal cidadão a exercer uma reapresentação na câmara federal? Será que comungam dos mesmos ideais, ou foram submetidos a alguma espécie de processo alienatório?

Quem é e de onde vem Jair Bolsonaro? Pelos seus posicionamentos, nada sinto ao dizer que pouco interessa saber de suas origens, já que suas atitudes públicas desprezíveis apresentam as respostas por si só. Sobre tal personagem foram veiculadas algumas notícias no último dia 14/09/16:

Sessão na Câmara é marcada por tumulto entre Bolsonaro e feministas - R7 Sessão sobre violência contra a mulher provoca bate boca na câmara - O globo Após críticas, Bolsonaro xinga militante e vice da OAB-DF - Exame.com Debate sobre violência contra mulher resulta em tumulto com Bolsonaro - G1.

Estes, entres outros, foram títulos que viralizaram nas redes sociais. Nota-se os cuidados com os quais as palavras são colocadas pelos editores, onde apenas um dos expostos apresenta a palavra “xiga”, do verbo xingar, cujo significado é descrito pelo dicionário de língua portuguesa como: agredir por meio de palavras ofensivas, injuriar, insultar, ofender. Os demais realocam as palavras de forma rítmica, assim como se estivessem construindo um acorde, dos mais belos e românticos, suaves aos ouvidos, fazendo assim um conjunto que seja capaz de entoar como uma canção aos ouvidos e olhos que irão ler. Ainda neste compasso o portal G1 construiu seu título de modo elegante, recatado e do lar.

O senhor parlamentar, aqui citado, já é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por declarar que a senhora deputada Maria do Rosário (PT-RS) “não merecia ser estuprada”. Na ocasião a situação repercutiu por vários dias consecutivos, porém, não contente, o mesmo parlamentar repete seus singelos elogios para com outra mulher durante a sessão dirigida pela Deputada do Partido dos Trabalhadores, Maria do Rosário, que tratava sobre o tema cultura de proteção à vítima. O Deputado (PSC-RJ) descompensou-se diante do discurso da vice-presidente da OAB do Distrito Federal, Daniela Teixeira, cuja fala fazia alusão ao parlamentar ser réu por incentivar a cultura do estupro.

Ainda falando em cultura do estupro, a Folha de São Paulo publicou recentemente o resultado de uma pesquisa realizada pelo Data Folha, onde 30% dos entrevistados entendem a violência do estupro ser culpa da mulher que na maioria das vezes usa vestes provocativas. Esta reprodução de valores torna “normal” aquilo que deveria ser crime.

O deputado poderia usar das suas atribuições públicas para desenvolver propostas produtivas à população, porém aparenta maior interesse em se envolver em polêmicas que lhe leva à repercussão midiática, talvez até com o intuito de promover-se diante dos seus seguidores. É claro que o intuito aqui é chamar à atenção para tais posicionamentos machistas no contexto geral, aos quais não podemos deixar de resistir ou permitir que caiam na impunidade. Já a figura de Bolsonaro, serve aqui apenas para mostrar a mera versão limitada de político que o mesmo representa.

A busca pela consolidação da autonomia feminina é constante. Parafraseando Judith Butler, não basta inquerir como as mulheres podem se fazer representar mais plenamente na linguagem e na política. A crítica feminista também deve compreender como a categoria das mulheres e o sujeito do feminismo é produzida e reprimida pelas mesmas estruturas de poder intermédio das quais busca-se a emancipação. No entanto a reflexão diante de discursos que violam os direitos femininos e que fazem o patriarcado ascender precisam de respostas imediatas. Em tempos de Golpe, o machismo precisa ser combatido.

Foto: Opera Mundi

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