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Bernie Sanders: onda vermelha nos EUA?


A nomeação de Hillary Clinton como candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos parece uma céu de brigadeiro, sem qualquer tipo de obstáculo, até que surgiu o nome de Bernie Sanders, senador pelo estado de Vermont. De início o seu nome foi ignorado, até que teve início a corrida por doações e as primeiras declarações e apresentações de suas principais plataformas políticas.

Bernie Sanders se apresenta como um "socialista democrata" e, para um país como os Estados Unidos, que, durante as décadas de 1950, 60 e 70 perseguiu políticos e ativistas comunistas isto não é pouca coisa: se a paranoia anticomunista é algo novo no Brasil, por lá é algo comum e que sempre norteou o debate político. Para se ter uma ideia, vários setores da sociedade e políticos dos EUA consideram a gestão de Obama "comunista" e isso se intensificou quando o atual presidente tentou implantar um sistema de saúde à semelhança do SUS brasileiro.

Clinton era dada como favorita absoluta, mas, isso já não é mais uma certeza e hoje Sanders é uma "ameaça" concreta as pretensões da ex-secretária de Estado do governo Obama de se tornar a primeira mulher presidenta dos EUA.

Mas por que Bernie Sanders tem se tornado um fenômeno nacional e internacional?

Além de se classificar como um "socialista democrata", Sanders tem feito ataques direto ao que chama de "poder econômico" que, para o candidato é representado por Wall Street e tem dito com todas as letas que a candidata Hillary Clinton e os proponentes à Casa Branca estão todos vinculados ao establishment econômico, que são candidatos "comprados" pelas grandes corporações.

Outra proposta que tem causado temor nos liberais ortodoxos dos EUA é a da criação de um Sistema Único de Saúde, com acesso universal e gratuito. Na mesma linha, o senador também propõe a criação de universidades públicas e a taxação das grandes fortunas.

Para um país que foi construído sob a moral do "faça você mesmo", tais propostas são um choque, porém, tem atraído multidões de apoiadores e, sem apoio empresarial para financiar a sua campanha, Sanders tem arrecadado, a partir de doações individuais cifras acima dos 10 milhões de dólares. Não é pouca coisa. Outra pauta que o candidato tem batido é o fim do financiamento empresarial das campanhas, pois, para Sanders, trata-se de um mecanismo corrupto.

No debate que aconteceu ontem, em New Hampshire, o primeiro direto entre Clinton e Sanders, a candidata se colocou contra as propostas de um sistema de saúde gratuito e também contrária ao ensino superior também gratuito e declarou que tais propostas "são impossíveis". Aliás, essa tem sido uma crítica comum a Bernie Sanders, no que ele sempre responde: taxando as fortunas de Wall Street as propostas são sim possíveis.

Na década de 1980 Angela Davis foi vice candidata numa chapa presidencial à Casa Branca, mas à época, se apresentava como uma "anti-candidatura". Bernie Sanders não e, a cada dia que passa, o apoio a sua candidatura cresce e isso pode se verificado nas pesquisa e nas doações das pessoas.

Até o fim da eleição primária, muita coisa pode acontecer... Mas, já temos fato: Bernie Sanders é de fato uma avalanche política e um desafio a todos os outros candidatos, pois, na história recente nunca um candidato tinha se apresentado como "socialista e representante do povo comum".

Um candidato representante das vozes dissonantes do Occupy Wall Street?

Em setembro de 2011, grupos de jovens ocuparam Wall Street e qual era o principal lema dos revoltosos? O fim da ganancia corporativa de Wall Street e este tem sido o principal lema da campanha de Bernie Sanders, colocar limites e taxar as fortunas de Wall Street. Talvez, Sanders seja a primeira representação das vozes dissonantes que, há 5 anos chamaram a atenção do mundo e, caso seja o nome do Partido Democrata ele pode fazer como tem prometido: uma revolução política nos Estados Unidos.

Podemos estar diante de um paradigma político à esquerda na seara liberal, assim como aconteceu na Grécia com o Syriza e na Espanha com o Podemos. A vitória de Sanders pode representar uma virada na política ocidental, com uma influência simbólica que ainda não temos parâmetros.

Um candidato que tem ousado enfrentar Wall Street, os grupos econômicos-corporativos e a imprensa, em um país como os Estado Unidos, não é pouca coisa e é por aí que devemos entender o forte apoio dos jovens a sua chegada à Casa Branca.

Abaixo, você pode conferir o discurso após o resultado da eleição primária em Iowa, onde Sanders e Clinton empataram.


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