
Judith Butler e os sentidos do sujeito

Professor:
Daniel Françoli Yago
Ementa:
Há muito tempo que Judith Butler vem provando ser uma das pensadoras mais rigorosas do corpo, do gênero, da sexualidade e do poder. Inclusive, sua obra, a passos rápidos, também se populariza nos meios acadêmicos e militantes brasileiros visto que seu projeto teórico dialoga diretamente com nossas problemáticas LGBT, feministas e pós-coloniais. Tendo em vista sua relevância, queremos continuar com nossa apresentação do pensamento de Judith Butler, iniciada pelo nosso ciclo de diálogos, seguindo, desta vez, pelos caminhos que a questão do sujeito abrem em sua obra.
Dos estudos queer, consagrados graças à popularização das obras iniciais de Judith Butler, até seus menos conhecidos estudos acerca das políticas da precariedade, publicados na última década, podemos seguramente constatar que a questão de um sujeito múltiplo atravessa a todos os momentos de seu percurso filosófico.
De formas diferentes, em contextos distintos, essa indagação atravessou a obra de Judith Butler. Seu primeiro livro, Sujeitos do desejo, inaugura seu percurso, colocando questões extremamente importantes para este campo, como: desejo, dialética, ser. A autora passa, em seguida, ao questionamento do sujeito quanto aos aspectos do gênero, da sexualidade e do corpo, sua mobilidade e fixidez, em livros essenciais, como Problemas de gênero, Corpos que importam, A vida psíquica do poder e Desfazendo gênero. Chegou, em seguida, a questionar o sujeito desde outro patamar como no Vida precária e no Marcos de guerra, quando suas perguntas passam a iluminar as hipocrisias e limites da racionalidade ocidental, questionando a cultura sobre quais vidas que realmente importam e quais merecem o luto e as lágrimas do mundo. Por fim, seu último livro, lançado há poucas semanas, evoca o mesmo sujeito: Sentidos do sujeito.
O que subsiste a estes vários deslocamentos e pontos de vista, no entanto, é o fato de que o sujeito é sempre múltiplo e dotado de diversos sentidos. Portanto, nosso minicurso pretende revisitar este percurso usando algumas de suas perguntas fundamentais como ponto de partida: O que nos torna possível que sejamos, ou não, sujeitos? Quais seus fundamentos? Quais mecanismos perfilam o sujeito desde saberes e poderes localizados? Quais forças, categorias e práticas sustentam o sujeito e concorrem para torná-lo mais ou menos fixado a somente um local existencial? E, por fim: o que pode um sujeito? Desejamos, ao longo de 4 encontros, introduzir e problematizar algum dos pontos nodais desta discussão, sempre procurando relacioná-los ao seu contexto político e social, bem como ao seu contexto epistemológico.
Turma 1***
Carga horária: 12 horas
Horário: 19h30 às 22h30
Dia da semana: terça-feira
Período: 9 de junho a 30 de junho
Vagas: 20
Turma 2***
Carga horária: 12 horas
Horário: 10h às 13h
Dia da semana: sábado
Período: 4 de julho a 25 de julho
Vagas: 20
Cronograma:
Aula 1 - O desejo como categoria de análise do sujeito, sua crítica ao pensamento pós-estrutural francês. Sexo, gênero e sexualidade como pilares fundamentais de como o sujeito se torna assujeitado pela heteronorma. Estratégias subversivas de reapropriação dos sentidos do sujeito. Gênero e melancolia. Sujeito e representabilidade política. (sobre os livros Sujeitos do desejo e Problemas de gênero)
Aula 2 – A materialidade dos corpos e sua implicação frente formação do sujeito. A performatividade enquanto mecanismo privilegiado de poder e de linguagem na invenção e modulação dos sujeitos. Crítica à psicanálise lacaniana. Estratégia queer de reapropriação do político. Figurações do pensamento de Butler (sobre os livros Problemas de Gênero e Corpos que importam)
Aula 3 – Poder discursivo entre a psique, a linguagem e o parentesco. Mecanismos e vida psíquica do poder em nós. A fala excitável e subjetivação pela injúria. Revisitação da melancolia de gênero. Revisitação do mito de Édipo desde Antígona: suas potências, suas críticas, suas metáforas: e se o complexo fundamental do sujeito fosse Antígona e não Édipo? (sobre os livros Discurso excitável, A vida psíquica do poder, O clamor de Antígona)
Aula 4 – Vidas que importam: quais? O sujeito frente à precariedade da representação e da falência do problema humanista. A passabilidade. Quem canta o hino nacional? Discussões da repercussão de Judith Butler ao longo dos últimos 30 anos. Inserção de seu pensamento no Brasil. E, por fim, há um sujeito, de fato, no pensamento de Butler? (sobre os livros Vida Precária, Quem canta o estado-nação?, Marcos de Guerra)
A bibliografia recomendada será indicada no primeiro dia de aula.
Valor*:
R$ 200,00 (depósito bancário**)
Conta corrente:
Banco do Brasil
Agência: 0322-0
Conta: 200.283-3
CNPJ: 20.825.198/0001-50
* Após a compra é preciso preencher a ficha de inscrição
** Apresentar/ encaminhar por e-mail comprovante com três dias de antecedência para garantir a sua vaga.
*** No ato da matrícula, especificar a turma